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Pediatra analisa relação da baixa estatura infantil com consumo de alimentos à base de soja

Pediatra analisa relação da baixa estatura infantil com consumo de alimentos à base de soja

Especialista alerta ainda para o desenvolvimento saudável do indivíduo como um todo, a partir da infância

Um estudo canadense, publicado em junho/2017, no American Journal of Clinical Nutrition (¹), sugere que crianças que ingeriram diariamente “leites-fórmula” (compostos à base de soja, amêndoa ou arroz) tiveram menor crescimento em relação àquelas que consumiram a mesma quantidade de leite de vaca. Para o pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros, da clínica MBA Pediatria, especialista pela Unifesp/EPM e Sociedade Brasileira de Pediatria, apesar de o estudo ser inconclusivo, ele sinaliza a importância para análises futuras.

A pesquisa envolveu mais de 5 mil crianças canadenses, entre 2 e 6 anos de idade, com consumo diário de 250ml de “leite-fórmula” ou leite de vaca. O resultado apontou um crescimento menor de até 1,5 cm para os que consumiram alimentos à base de soja e derivados.

“Há uma ‘luz no fim do túnel’, porque de certa forma o estudo aponta um caminho importante a ser pesquisado, embora seja preciso inserir outras análises no contexto, como hábitos alimentares e aspectos culturais, sociais, educacionais e econômicos para cada população avaliada”, diz o pediatra.

Para o pediatra, independentemente desta pesquisa e outras, que devem seguir a mesma linha, o desenvolvimento do bebê depende, entre outros fatores, de uma alimentação saudável e adequada a cada fase, que deve ter acompanhamento por um pediatra para avaliar as necessidades de cada criança.

Sylvio Renan alerta ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS), assim como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), recomenda a exclusividade do aleitamento materno até os 6 meses de idade e, se possível, até os 2 anos de vida, como forma de proteção ao recém-nascido. “A introdução de novos alimentos, como o leite de vaca, deve ocorrer gradativamente. Exceto em casos específicos, por intolerância à lactose ou alergia ao leite de vaca, ou quando a mãe não pode amamentar, como no caso de doenças que podem ser transmitidas pelo leite”, explica o especialista da MBA Pediatria, enfatizando que os alimentos formulados à base de soja não são recomendados até os 3 anos de idade, principalmente para os meninos, por conta de componentes como hormônios vegetais e alumínio.

Saúde a partir da infância Muitas doenças podem ser prevenidas a partir da infância, como é o caso da osteoporose. Segundo dados da OMS, no mundo, 13% a 18% das mulheres e 3% a 6% dos homens, acima de 50 anos, sofrem com a doença, que pode ser evitada se pais e responsáveis adotarem hábitos saudáveis, boa alimentação e atividade física para suas crianças.

É na infância que o indivíduo ganha estatura, fortifica seu esqueleto e adquire o máximo de massa óssea possível. A amamentação, o aumento do consumo de leite e derivados, a ingestão de vegetais de cor verde escuro, peixes e alimentos oleaginosos (como castanhas e nozes) são fontes potenciais de alto índice de cálcio, elemento essencial para a formação do esqueleto. Em paralelo, deve-se promover cada vez mais a prática de atividade física regular, que fortalecem não apenas os músculos, mas também os ossos.

Determinados tipos de alimentos, como os à base de soja, podem indicar um crescimento menor, mas é preciso observar outros fatores, como o sedentarismo, impulsionado pelo mundo do computador, dos celulares e da televisão, com consequente diminuição do brincar ao ar livre, tomar sol (fonte de vitamina D) e ter uma boa alimentação. “Mais do que estatura e crescimento, o foco deve ser o desenvolvimento saudável do indivíduo como um todo, a partir da primeira infância”, completa o pediatra Sylvio Renan.

(¹) Association between noncow milk beverage consumption and childhood height http://ajcn.nutrition.org/content/early/2017/06/07/ajcn.117.156877.abstract

Fonte para entrevista: Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros – Graduado pela Faculdade de Medicina do ABC, com especializações e títulos pela Unifesp/EPM, Sociedade Brasileira de Pediatria e General Pediatric Service da University of California (UCLA, Los Angeles, EUA). Atuou por quase 30 anos no Pronto Socorro Infantil Sabará e foi diretor técnico do Hospital São Leopoldo, cargo que deixou para se dedicar ao seu consultório, a MBA Pediatria, e à literatura médica para leigos. É autor dos livros “Seu bebê em perguntas e respostas – Do nascimento aos 12 meses” e “Pediatria Hoje”.

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