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Parto normal em uma mulher com eclâmpsia na novela Amor à vida?, por Luísa Aranha

Parto normal em uma mulher com eclâmpsia na novela Amor à vida?

Eu já tinha pensando em escrever sobre a pré-eclâmpsia na coluna dessa semana, quando para minha surpresa no primeiro capítulo da nova novela aparece exatamente esse assunto. E gerou um turbilhão de informações erradas e muitos protestos pelas redes sociais. “Como uma mulher com pressão alta vai ter um parto normal?” “É só para desmoralizar ainda mais o parto normal”. “Cesariana seria o correto no caso dela”, e por ai foi um monte de gente xingando o autor, a novela, os médicos e a sociedade brasileira.

Não vou entrar no mérito das “teorias da conspiração” e nem nas questões relacionadas a industrialização dos nascimentos no Brasil. Esses dois assuntos a gente deixa para outra hora. Mas quero falar da eclâmpsia e dizer para vocês que SIM! A médica da novela fez o correto, quer saber por quê? Então vamos lá!

Primeira coisa: O que é pré-eclâmpsia ou eclâmpsia? Bom, quando você está grávida, tem um ser se desenvolvendo dentro do seu útero que é geneticamente diferente de você. Afinal ele herda os genes do pai também.  Nosso organismo não rejeita esse corpo estranho porque cria mecanismos imunológicos para proteger o feto. Algumas vezes, porém, ele libera proteínas do nosso organismo que acabam agredindo as paredes dos vasos sanguíneos e com isso causando o aumento da pressão arterial.

A esse aumento damos o nome de pré-eclâmpsia. Normalmente ela começa a aparecer por volta da 20ª semana de gestação. Os sintomas normalmente são aumento da pressão, aumento de peso, inchaço e perda de proteínas pela urina. Se a pré-eclâmpsia evolui pode se tornar eclâmpsia o que é um fator de risco para a gestante e para o bebê.

Como falamos na semana passada, por isso a importância do pré-natal. Somente o acompanhamento sistemático da gestação pode garantir que a doença fique controlada.

Para controlar a pré-eclâmpsia o ideal é repouso, controle da dieta com menos ingestão de sal e verificação constante da pressão arterial. Em casos mais severos são usados medicamentos para o controle da pressão.

Alguns fatores de risco, como hipertensão arterial sistêmica crônica, primeira gestação, diabetes, lúpus, obesidade, histórico familiar ou pessoal das doenças supracitadas, gravidez depois dos 35 anos e antes dos 18 anos e gestação gemelar, podem agravar a situação.

E agora, que nós já sabemos o que é, os fatores de risco e como cuidar, vamos a questão da novela: Por que optaram pelo parto natural em uma mulher com pressão alta?  Pelo simples fato de que, ninguém é submetido a uma cirurgia (sim! Cesariana é cirurgia e não parto) com a pressão alta.

De acordo com o Manual de Gravidez de Risco do Ministério da Saúde (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf), página 37, ”O parto vaginal é preferível à cesariana para mulheres com pré-eclâmpsia/ eclâmpsia, desse modo evitando o estresse adicional de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas. Medidas paliativas por várias horas não aumentam o risco materno se realizadas de forma apropriada. A indução do parto deve ser realizada de forma intensiva assim que a decisão para a interrupção for tomada. Em gestações longe do termo nas quais o parto é indicado e com condições maternas estáveis o suficiente para permitir que a gravidez possa ser prolongada por 48 horas, os corticoides devem ser administrados para acelerar a maturidade pulmonar fetal. A abordagem intensiva para a indução inclui um ponto final claro para o parto, de cerca de 24 horas após o início do processo. Em gestações ≥34 semanas com colo imaturo, recomenda-se realizar amadurecimento cervical sob monitoração intensiva. Se o parto vaginal não puder ser efetuado dentro de um período razoável de tempo, deve-se realizar a cesariana.

A anestesia neuraxial (epidural, espinhal ou combinadas) deve ser a técnica de eleição para o parto (vaginal ou cesárea), devendo-se evitar bloqueio motor no caso do parto vaginal. Na cesariana deve-se evitar a hipotensão por meio de técnica adequada e uso cuidadoso de expansão de volume. Deve-se discutir com o anestesiologista a melhor técnica de acordo com o estado da gestante. Nos casos de Síndrome Hellp, adotar anestesia geral”.

Em outras palavras, o parto normal é o mais indicado em todos os casos, salvo quando não há o tempo suficiente para a realização do parto normal.  Conclusão: a médica da novela fez o correto sim!

Até a próxima!

Luísa Aranha

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